TRABALHADORES NO CONTEXTO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial foi um marco
para desvalorização do trabalho manual, pois muitos foram substituídos por
máquinas, e os que trabalhavam na fábrica, só participavam de determinada fase
da produção. O trabalho se tornava algo contínuo, repetitivo, mecanizado, por
exemplo, se a função era bater um prego em determinado local do produto, era só
isso que se fazia o dia inteiro, na mesma velocidade e ritmo. Muitos não sabiam
nem qual era o produto final, e essa função muitas vezes não correspondia ao
valor do que ele era capaz de produzir.
Mas não haviam opções, o
trabalho nas fábricas era o que dominava nas cidades da Inglaterra, e aos
artesãos que desejavam continuar seu trabalho manual, não era mais possível,
pois não tinham condições de concorrer no mercado com os capitalistas. A
relação entre os indivíduos começou a ser controlada pelo mercado, não haviam
mais laços e relações comunitárias. A divisão de classes era fundamental para a
operação do sistema, ou seja, a classe dos proprietários, e a classe dos
proletariados.
As fábricas não eram ambientes
adequados de trabalho, tinham péssimas condições de iluminação e ventilação.
Não haviam medidas nem equipamentos de segurança para os operários, muitos se
acidentavam e contraíam graves doenças. A média de vida dos trabalhadores era
muito baixa comparada à de hoje. A jornada de trabalho chegava até 16 horas por
dia, sem direito a descansos e férias. Os salários eram baixíssimos, garantindo
ainda mais lucros aos proprietários, e a disciplina era rigorosa para manter o
aumento da produção. Os trabalhadores não tinham direitos e nem o amparo
social. Mulheres e crianças trabalhavam da mesma maneira que os homens, nas
mesmas condições, mas o salário pago a eles era bem mais baixo. Portanto, era
muito mais lucrativo contratá-los. E pelos baixos valores oferecidos, era
fundamental que todos da família trabalhassem.
As condições de vida e de
trabalho eram precárias, e por serem submetidos à tantas situações difíceis e
sem escolha, os operários se uniram e começaram a organizar movimentos e
revoltas. A qualidade de vida dos trabalhadores ingleses durante a Revolução
Industrial era péssima, pois as condições de trabalho eram terríveis, os
direitos trabalhistas eram praticamente inexistentes e não havia uma
preocupação muito grande em relação à urbanização racional, higiênica e
eficiente, de modo que os trabalhadores viviam amontoados em bairros imundos e
em construções inadequadas. Por conta disto houve a difusão de muitas doenças
infecciosas, como a cólera, que matou milhares de trabalhadores, muitos acidentes
de trabalho e o avanço do alcoolismo, fator que é associado a uma tentativa por
parte dos trabalhadores de vencer o cotidiano difícil. Eis alguns relatos:
(1) Os primeiros dias de
setembro foram muito quentes. Os jornais noticiavam que homens e cavalos caiam
mortos nos campos de produção agrícola. Ainda assim a temperatura nunca passava
de 29°C durante a parte mais quente do dia. Qual era então a situação das pobre
crianças que estavam condenadas a trabalhar quatorze horas por dia, em uma
temperatura média de 28°C? Pode algum homem, com um coração em seu peito, e uma
língua em sua boca, não se habilitar a amaldiçoar um sistema que produz tamanha
escravidão e crueldade? (William Cobbett fez um artigo sobre uma visita a uma
fábrica de tecidos feita em setembro de 1824)
(2) Pergunta: Os acidentes
acontecem mais no período final do dia? Resposta: Eu tenho conhecimento de mais
acidentes no início do dia do que no final. Eu fui, inclusive, testemunha de um
deles. Uma criança estava trabalhando a lã, isso é, preparando a lã para a
maquina; Mas a alça o prendeu, como ele foi pego de surpresa, acabou sendo
levado para dentro do mecanismo; e nós encontramos de seus membros em um lugar,
outro acolá, e ele foi cortado em pedaços; todo o seu corpo foi mandado para
dentro e foi totalmente mutilado. (John Allett começou a trabalhar numa fábrica
de tecidos quando tinha apenas quatorze anos. Foi convocado a dar um depoimento
ao parlamento britânico sobre as condições de trabalho nas fábricas aos 53
anos)
(3) Eu tive freqüentes
oportunidades de ver pessoas saindo das fábricas e ocasionalmente as atendi
como pacientes. No último verão eu visitei três fábricas de algodão com o Dr.
Clough, da cidade de Preston, e com o sr. Barker, de Manchester e nós não
pudemos ficar mais do que dez minutos na fábrica sem arfar (ficar sem ar) para
respirar. Como é possível para aquelas pessoas que ficam lá por doze ou quinze
horas agüentar essa situação? Se levarmos em conta a alta temperatura e também
a contaminação do ar; é alguma coisa que me surpreende: como os trabalhadores
agüentam o confinamento por tanto tempo. (O Dr. Ward, de Manchester, foi
entrevistado a respeito da saúde dos trabalhadores do setor têxtil em março de
1919)
(4) Aproximadamente uma semana
depois de me tornar um trabalhador no moinho, fui acometido por uma forte e
pesada doença da qual poucos escapavam ao se tornarem trabalhadores nas
fábricas. A causa dessa doença, que é conhecida pelo nome de “febre dos
moinhos”, é a atmosfera contaminada produzida pela respiração de tantas pessoas
num pequeno e reduzido espaço; também pela temperatura alta e os gases exalados
pela graxa e óleo necessários para iluminar o ambiente. (Esse depoimento faz
parte do livro “Capítulos da vida de um garoto nas fábricas de Dundee”, de
Frank Forrest)
(5) Nosso período regular de
trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as
onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas
no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia
sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós
íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas
quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água,
acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas.
Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e
depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar
para a refeição. (O jornal Ashton Chronicle entrevistou John Birley em maio de
1849)
(6) Na primavera de 1840, eu comecei
a sentir dores no meu pulso direito, essa dor vinha da fraqueza geral de minhas
juntas, o que vinha acontecendo desde minha entrada na fábrica. A sensação de
dor só aumentava. O pulso chegava a inchar muito chegando a medir até 12
polegadas ao mesmo tempo em que meu corpo não era mais do que ossos. Eu entrei
no hospital St. Thomas no dia 18 de julho para operar. A mão foi extraída um
pouco abaixo do cotovelo. A dissecação fez com que os ossos do antebraço
passassem a ter uma curiosa aparência – algo como uma colméia vazia – com o mel
tendo desaparecido totalmente. (William Dodd escreveu sobre sua situação como
criança trabalhadora acidentada no trabalho em seu panfleto “Narrativa de uma
criança aleijada” no ano de 1841)
(7) Quando eu tinha sete anos de
idade fui trabalhar na fábrica do Sr. Marshall em Shrewsbury. Se uma criança se
mostrasse sonolenta o responsável pelo turno a chamava e dizia, “venha aqui”.
Num canto da sala havia uma cisterna de ferro cheia de água. Ele pegava a
criança pelas pernas e a mergulhava na cisterna para depois manda-la de volta
ao trabalho. (Jonathan Downe foi entrevistado por um representante do
parlamento britânico em junho de 1832)
(8) Eu trabalhava das cinco da
manhã até as nove da noite. Eu vivia a duas milhas do moinho. Nós não tínhamos
relógio. Se eu chegasse atrasado ao moinho eu seria punido com descontos em meu
pagamento. Eu quero dizer com isso que se chegasse quinze minutos atrasado,
meia hora de meu pagamento seria retirado. Eu só ganhava um penny por hora, e eles
iriam tirar metade disso. (Elizabeth Bentley foi entrevistada por
representantes do parlamento britânico em junho de 1832)
(9) A tarefa que inicialmente
foi dada a Robert Blincoe era a de pegar o algodão que caía no chão.
Aparentemente nada poderia ser mais fácil... Mesmo assim ele ficava apavorado
pelo movimento das máquinas e pelo barulho dos motores. Ele também não gostava
da poeira e do cano que soltava fumaça, pois acabava se sentindo sufocado. Ele
logo ficou doente e em virtude disso constantemente parava de trabalhar porque
suas costas doíam. Isso motivou Blincoe a se sentar; mas essa atitude, ele logo
descobriu, era proibida nos moinhos. (As experiências vividas por John Brown
numa fábrica de tecidos foram publicadas num artigo do jornal The Lion)
(10) São constantes as
informações sobre crianças que trabalham em fábricas e que são cruelmente
agredidas pelos supervisores a ponto de seus membros se tornarem distorcidos
pelo constante ficar de pé e curvar-se (para apanhar). Por isso eles crescem e
se tornam aleijados. Eles são obrigados a trabalhar treze, quatorze ou até
quinze horas por dia. (Trecho do livro “A História da produção de algodão”, de
Edward Baines)
III ATIVIDADE DE QUARENTENA
05) Faça um resumo do video "A |Revolução Industrial". (20 linhas, mínimo)
06) De acordo com o texto, como era o ambiente das fábricas?
07) De acordo com o texto, como era a condição de trabalho nessas fábricas?
09) Faça um resumo dos 10 relatos de trabalho presente no texto. (30 linhas, mínimo)
Prazo de Entrega: 07/04/2020 ~ Quinta-Feira ~
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