Alemanha, 26 de maio de 1916,
Cara Mary;
Sinto muito se a letra estiver ilegível, não consigo enxergar direito por conta da névoa de gás tóxico que os franceses acabaram de soltar. Não se preocupe, estou protegido pela máscara.
Estou há três dias sem comer. Ainda temos comida, mas me falta o apetite. Aqui tem chovido bastante, a trincheira está coberta de lama, mas ainda dá para ver os cadáveres. O cheiro aqui é horrível, e tem muitos ratos e insetos devorando o que sobrou dos valentes guerreiros abatidos. Me sinto fraco e meus pés doem muito. Recentemente levei dois tiros no braço esquerdo, mas não se preocupe comigo, eu estou bem. Preocupe-se apenas com a sua saúde e com os nossos filhos.
Espero de verdade que essa guerra não demore a terminar, quero estar com vocês o quanto antes, sonho com isso todos os dias. Mas enquanto ela durar, eu estarei aqui, lutando pelo nosso país. Não tenho certeza se voltarei com vida para casa, a realidade aqui é terrível, agora mesmo muitos companheiros nos deixaram por causa do gás dos franceses, das balas, das granadas, das doenças, é praticamente impossível sobreviver aqui, por isso não quero te encher de esperanças, prometendo coisas que talvez não possa cumprir, mas peço que seja forte, e que ore por mim.
Apesar do clima, dos ratos, das granadas e fuzis, e do odor insuportável dessas trincheiras, eu vou dar o máximo de mim, tentarei ser forte para aguentar tudo isso até o final, mas se caso eu não resistir...saiba que eu te amo muito, e que penso em você todos os dias. Lembro de como nos conhecemos, das nossas conversas, dos nossos encontros, do nosso casamento, do nascimento dos nossos filhos, das nossas risadas, das nossas brincadeiras...coisinhas simples que jamais esquecerei. Me bate uma enorme angústia sempre que eu penso na possibilidade de nunca mais ver vocês, mas a esperança é a última que morre.
Eu acredito, embora não tenha certeza, que voltarei para vocês o quanto antes, e pode ter certeza querida, que vou lutar com todas as forças que ainda me restam para que isso aconteça. Tenho que ir agora, meu bem, estão precisando de mim. Dê o seu abraço mais forte nas nossas crianças, e diga a eles que o papai os ama muito.
Seu marido, John
Tayane Mikelly Martins de Andrade - 14 anos – 9º ano b 2022.
Olá pessoal, os presentes relatos tem como base o conhecimento em história adquirido através de pesquisa sobre o tema da I GUERRA MUNDIAL durante as aulas de história⏳⏳. Nesses relatos, através das minhas orientações em sala e online, os alunos do 9º ano da Escola Dinarte Mariz mergulharam no tema e escreveram como se estivessem nas trincheiras durante a I Guerra Mundial. Parabéns a todos pela criatividade👏👏👏
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